imagem via google |
Olhe para essa moça, olhe para
essa moça e tente ajudar. Ajude-a porque ela ensina o caminho certo para todo
mundo, mas não sabe seguir o dela. Ela se perdeu outra vez e não sabe como sair
desse labirinto em que se meteu. Seus sentimentos sempre complexos e intensos
as vezes sufoca alguém ou a ela mesmo. As vezes ela acha que as coisas boas que
faz pelo mundo é apenas para compensar os erros de seu coração doente e egoísta.
Mas, às vezes, só as vezes, ela acha que pode acertar as batidas do seu coração
com o de alguém, muito embora o seu tempo seja sempre outro. Muito embora todas
as histórias sigam terminando em tragédias. Por mais que ela almeje escrever
uma comedia romântica, leve e engraçada... A única coisa que escorrega pelos de
seus dedos são cenas de uma autobiográfica fodida e dramática, farta de histórias
sem final feliz.
Olhe para essa moça, olhe para
essa moça e tente ajudar. Ajude-a porque suas forças estão se acabando e ela já
não sabe mais por quanto tempo vai suportar permanecer em pé e sorrindo e
fingindo que sabe muito bem o que está fazendo. Ela já se fez ponte sobre aguas
turbulentas tantas vezes que não sabe mais o que sua estrutura ainda aguenta. Ela
já enfiou tanta coisa dentro daquela mala esquecida em um canto, em um quarto qualquer
que ela tem receio de abrir e não conseguir organizar nunca mais a bagunça que
vai explodir lá de dentro bem em cima dela e de quem estiver perto. Já faz
algum tempo que ela só sente medo.
Olhe para essa moça, olhe para
essa moça e tente ajudar. Ajude-a porque já faz um tempo que seu sorriso tem
sido desmascarado. Não será a primeira vez e nem a última que alguém a diz que
ela está fazendo isso errado. Não será a primeira vez que alguém a manda se
cuidar e pensar um pouco nela. Mas, será mesmo que é ela quem precisa se cuidar?
Ou será que as pessoas que precisam cuidar dela? Ou será que as pessoas só precisam
se cuidarem dela? Quem sabe, se as pessoas se cuidassem mais, ela não teria que
cuidar de ninguém e agora ela seria inteira. E talvez, só talvez, ela não
estivesse precisando de ajuda e quem sabe até saberia que caminho seguir.
Vento no litoral - Renato Russo e Cássia Eller
Um comentário:
Talvez eu esteja bêbado de sono e seja isso. Ou talvez as dores dos golpes, sei lá. Tudo dói e o cansaço é gigante. O verbo ajudar é muito bom. Todos nós precisamos nos ajudar e ajudar aos outros. Acho que é isso. Talvez eu desmaie de dor ou de sono, e não aperte o "publicar".
Postar um comentário