"Nunca é alto o preço a pagar pelo privilegio de pertencer a si mesmo." Nietzsche

Como lidar?

"Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza
Das coisas com humor..."
 
imagem via google
É aí que a crise vem: uma hora sorrindo, mas por dentro uma impaciência que pode vir a tona a qualquer momento. O mal é que na maioria das vezes vem em cima de quem mais se gosta. É uma irritação por besteira, ou talvez não seja besteira. Os nervos tão a flor da pele que me fazem querer ir embora por qualquer contradição.
Eu não queria que fosse assim, eu não queria está assim. Talvez seja porque pela primeira vez na vida eu quis fazer diferente. Talvez, por achar que estou dando o meu máximo e fazendo o melhor de mim, eu esteja cobrando tanto - logo eu que sempre detestei cobranças.
É aí que a crise volta: quem é essa que habita meu corpo agora? Será uma parte de mim que eu desconhecia ou será que é uma invenção de eu mesma feita por mim? Eis o perigo: porque tantas dúvidas e tantos talvez?  
Essa falta daquela antiga eu que sabia o que queria a cada hora, daquela que não tinha muitos dragões dentro de si e os poucos que tinha, tornava-os de vento. Essa falta, falta não, saudade mesmo - no sentido literal e melancólico da palavra – que eu sinto do meu eu de sempre, está corroendo ainda mais esse meu eu-desequilibrado-de-agora.
É como se meus dois “eus”, o antigo e o atual, fossem duas pessoas distintas dentro de mim: onde o eu antigo exibe suas lindas pernas para cima, em uma confortável cadeira a beira de uma praia azul, descansando tranquilamente de mim; enquanto, o eu atual se esforça para ser como o antigo, se roendo e me corroendo de inveja de quem eu já fui.
Eu mesma - e quando falo eu mesma, refiro-me a mim como um todo: os dois “eus” juntos e se completando - não sei o que fazer. É certo que por mim, mandaria embora esse eu atual. Tomar-me-ia assassina ou suicida de apenas metade...
Então, distancio-me um pouco dessa confusão, dessa chuva, dessa noite. Procuro olhar novamente para fora e quase não consigo abrir os olhos com tanto sol. Eu não sei mais como caminhar no mundo real. Não sei mais como conversar com as pessoas. Não consigo mais “levar na esportiva” piadinhas que me envolvem...
É tudo tão simultâneo que enquanto o mundo gira lá fora e um eu relaxa, o outro não para de esbravejar dentro de mim nem por um segundo, tornando assim, difícil para “mim” poder escutar qualquer coisa com nitidez, ou mesmo pensar com sobriedade, quiçá agir e julgar as ações com justiça e clareza como sempre fiz.
É uma luta interna. É uma ânsia sem fim. São acontecimentos importantes chegando. São provas decisivas. É um ano decisivo. É um medo de um novo ao qual não terei nenhum controle. É o medo de perder tudo a todo o momento: lutas, conquistas, pessoas, espaço.
É tudo medo de cortar o lado ruim e descobrir que sem ele o bom não existe!
Como lidar?