"Nunca é alto o preço a pagar pelo privilegio de pertencer a si mesmo." Nietzsche

Não mais que de repente


"Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo. Eu acordei com medo e procurei no escuro alguém com o seu carinho... De repente, a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa, morna e ingênua que vai ficando no caminho.”
 
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Há dias que eu venho querendo escrever tudo, sobre qualquer coisa, quero dizer, sobre qualquer coisa não, sobre mim: sentimentos, alma e coração. Sobre minhas opiniões, minha maneira de enxergar e me sentir diante de cada coisa. Sobre as milhões de coisas que eu vou amontoando dentro de mim por nunca achar importante demais para dissipa-las. Ou, de repente, o endocrinologista tinha razão quando disse que o nó que eu sinto na garganta, o mesmo que às vezes mexe com o meu metabolismo, com o meu humor, com as minhas pernas... Seja só um (nó)dulo na tireoide. Mas, é que minha intuição feminina – se é que isso serve de alguma coisa – me diz que tem mais: de repente, tantos sonhos sobre as mesmas coisas, tantos conselhos jogados, como confetes de carnaval na minha cara, comecem a fazer sentido. E de repente, aquela segurança de quem se apaixona e acredita que o mundo inteiro também se apaixonou, se transformou em um slackline e eu em cima, sem saber se devo pular ou espero cair. Quem sabe eu não consigo chegar do outro lado?! De repente, eu não consigo enxergar a felicidade que deveria esta contida nas coisas pequenas. As entrelinhas, os detalhes, o imperceptível, aquilo que fazemos inconsciente, me diz mais coisas que eu não gostaria de saber do que coisas legais. De repente, a segurança e a certeza são apenas ideologias criadas por nós. De repente você entende que o ciúme protege o medo e não você, entende que mais cedo ou mais tarde, o medo de perder só afasta quem se quer aproximar. De repente, a gente não sabe mais o que vale a pena, se estamos presos ou se estamos prendendo alguém. De repente, a gente não sabe nada sobre o amor... 
“De repente, não mais que de repente...”

É aquela velha história, Amor.


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Não é verdade que quando o amor acontece, a lógica começa a desaparecer? Pois, não é esse o motivo pelo qual a lógica o chama de loucura, de cegueira? Como pode o verdadeiro amor querer ser algo racional? Como pode o amor, o mais bonito dos sentimentos, se tornar algo destrutivo? Ah, o amor... E suas infinitas formas de amar. Como podem existir pessoas que não sabem amar?
Algumas pessoas dizem amar de um jeito que não faz sentido. Estas pessoas preferem encontrar explicações para os seus instintos, do que domar seus egoísmos.  O amor exclusivo não faz sentido, o amor é inclusivo. Se você ama alguém, você deve amar vê-lo feliz de mil e uma maneiras, com mil e uma pessoas. Mas, se este alguém é seu cônjuge, você quer controlá-lo e isso torna os dois destrutivos, um para o outro. O ciúme torna o amor possessivo, egoísta, destrutivo. Pessoas morrem todos os dias por causa desse amor dominado pelo sentimento de posse.
Não faz sentido ver as pessoas brigando o tempo todo por causa do amor: brigam pelo amor de um homem ou de uma mulher, brigam pelo amor da família, brigam pelo amor dos amigos, brigam pelo amor a religião, brigam por amor a pátria... Se guerras e matanças acontecem por causa deste amor, há alguma coisa muito errada com esta forma de amar. É um amor sério, exclusivo, possessivo. É repleto de estupidez. O amor deve ser leve e não uma fixação. Guerrilhas por amor não faz sentido.
O amor é a maior aventura, é incerteza. É entrar no desconhecido, é está vulnerável. Se você deseja está sempre seguro, o amor sofre. Não é fácil aceitar o amor como deve ser, pois queremos o impossível: amar sem nunca se machucar. Se as pessoas fossem capazes de enxergar isso tudo, ficariam mais leves. Relaxariam. Entenderiam que quanto maior o amor, menor a cobrança. Uma nova consciência surgiria e elas demonstrariam melhor o amor que sentem uns pelos outros.
É aquela velha história de cuidar do jardim para ter as borboletas... Amor.