"Nunca é alto o preço a pagar pelo privilegio de pertencer a si mesmo." Nietzsche

Segundo Darwin



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 Os ciclos vão cumprindo a sua sina de abrir e fechar enquanto eu tento me adaptar o máximo que posso para que a seleção natural da vida não deixe em extinção mais partes boas de mim. Não queria escrever agora, mas isso também faz parte da minha luta contra esta seleção. Luto contra os planos que escorregam cada vez mais rápido pelos dedos. Luto contra um futuro incerto que se aproxima na velocidade da luz da minha rotina – luto, mas luto querendo ser aliada.
Olho para cima. Respiro fundo. Trago o lacrimejar antes que seja tarde. É preciso ser forte na hora do sim, na hora de ouvir e dizer a verdade. É preciso ser forte na hora do não, do “não quero mais ficar”. É preciso ser forte nas decisões, nas decepções, nas despedidas. É preciso ter forças na hora de se arrepender e desculpar-se. Ahh é preciso ter forças quando se precisa dos cuidados de quem não vem, quando o abraço que se quer não está, quando a palavra da qual precisa fica muda. É preciso força para segurar o choro na hora H, na hora de falar, na madrugada, na solidão...
Mas, não precisas ter dó se de repente me veres chorar baixinho por aí: mais forte é a mulher que chora. E, no meu caso, são só algumas lágrimas que estou devendo a vida pelos tantos sapos engolidos a seco. Vez e quando, faz-se necessário colocá-las em dia antes de me vestir com meus melhores sorrisos novamente.
Eu já falei que tenho descoberto uma nova eu dentro de mim? No inicio era como uma terceira perna, que assim como a terceira perna de G.H. também me impedia de caminhar. Entretanto, eu tenho me adaptado bem. Descobri que ela também é forte. Descobri que ela também me segura para não cair. Descobri que ela também sabe sorrir... E sabe sambar, ahh como sabe! Talvez, já seja até parte da minha evolução... Talvez, já seja a própria vida me dizendo para ser mais forte se não quiser ser comida pelos leões e as cobras do dia-a-dia.
Acho até que estou indo bem... Só peço aos novos ciclos - que começarão em breve - que não sejam tão astuciosos e que não me obriguem a me retirar da comodidade dos meus dias como quem tira um bebê com fome do peito da mãe, como quem separa um casal apaixonado, como quem arranca de uma mãe um filho, como quem amputa um membro sem necessidade, como quem tira doce de criança, como quem tira sorrisos de rostos alheios... Por que talvez, dessa vez, eu não saiba me adaptar.