"Nunca é alto o preço a pagar pelo privilegio de pertencer a si mesmo." Nietzsche

Tudo que me falta.

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O que me falta é espaço para minha solidão
E para meu coração
Poder se expandir nesse meu pequeno apartamento.

O que me falta são mais copos com água,
E taças e jarras
Para eu poder fazer minhas tempestades.

O que me falta são mais relógios parados
E muros desocupados
Para eu em cima poder ficar o tempo que quiser.

O que me falta é mais alma de macaco
Autossuficiência e saco
Para não sair do meu galho e virar caco em qualquer chão.

O que me falta é menos sabedoria
Popular ou de filosofia
Para eu poder sair dessa monotonia de só pensar, pensar e pensar...

Falta-me é barco para atravessar
Rios feitos por minhas lágrimas

E poesias que me façam confessar
Com mais coragem e menos lástimas

Que de tudo que me falta
Só me falta você.

Eu me importo.


            “Tenho a impressão que todas as minhas noites são tristes...”

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Lendo a citação de William Shakespeare, uma lágrima rolou do seu rosto. Sentia saudade de um tempo que não volta mais. A incerteza de suas decisões sentara mais uma vez ao seu lado em um domingo chuvoso para assistir Faustão mesmo não suportando aquela voz que não se cala. No computador Shakespeare continuava dizendo “não importa o quanto você se importe...” e ela não conseguia parar de se lembrar. Há muito tempo atrás ela havia feito lágrimas rolarem em outra face por motivos inaceitáveis e jurou para si mesma que se fosse perdoada recompensaria aquele coração com inúmeros sorrisos. E cumpriu por muito tempo o seu juramento. Leu outra parte de William martirizando-se por inteira... “as pessoas simplesmente não se importam”. As lágrimas agora rolam sem cessar. A saudade vem abraça-la e cada detalhe do seu apartamento a faz se lembrar daquele coração que já foi dela. Ela sente vontade de ligar. Ela sente, todo dia, vontade de saber como vai aquele coração. Ela sente muita muita falta. Até arranhou algumas notas no seu violão... Ela adormeceu ali mesmo, no seu sofá-cama, olhando para um quadro de moldura rústica em cima de sua mesinha de estudos. 
Em meio ao seu pranto ela repetia: as pessoas se importam sim, se importam sim, se importam sim... Eu me importo muito...