"Nunca é alto o preço a pagar pelo privilegio de pertencer a si mesmo." Nietzsche

A plenitude da felicidade em um dia.


“um dia feliz, às vezes é muito raro...”

 imagem via internet

Acordei. Mas, não como todos os outros dias em que eu acordo com aquela preguiça, sem querer levantar do aconchego da cama e até sem razões para fazer isso... Acordei em um salto só. Mas, eu não estava desesperada como quem perdeu a hora de um evento importante. Eu não tinha pressa alguma. Até sentei na beira da cama e me estiquei para todos os lados: alongando-me com os olhos fechados e aspirando ao mais forte que conseguia – adoraria guardar o cheiro daquela manhã comigo.
Com os pés naquelas pantufas de bichinho e a cara amassada, pouco me preocupei com a estética ou com o que os outros iriam pensar. Simplesmente, abri a janela do meu quarto e senti o frio entrando nos meus pulmões, senti o sol aquecendo a minha pele e quase voei junto com aqueles tantos pássaros. O relógio marcava 5h49. Foi nesta hora, em que eu, olhando para os céus prometi para mim e para Deus: hoje será diferente.
Tomei um banho demorado e apreciei esse banho como se fosse o ultimo da minha vida. Coloquei minha melhor roupa, sem pena. Tomei o meu achocolatado matinal naquela xícara de “super namorada” - que eu ganhei de um namorado perfeito – e sai de bicicleta, nada de carros hoje, mas antes dei um longo beijo naqueles que são a razão da minha vida – meu pai e minha mãe - e falei para eles o quanto eu os amo.
Fui primeiro a um abrigo de idosos, desejar um bom dia e dá a eles tudo que mais almejavam: atenção. Escutei atentamente todas as suas histórias e me diverti com isso. Mal vi a hora passar. Eu havia marcado um almoço muito importante, com pessoas ilustres. Eu não poderia me atrasar. Até lá, espalhei sorrisos por onde passei. No fundo, eu sabia o quanto seria bem recebida, naquele lugar - uma comunidade carente. Eu não queria dá uma de salvadora da Pátria - tanto que eles nunca saberão que fui eu quem patrocinou toda aquela comida – mas para mim, foi o salário mais bem gasto. Nada tira a minha felicidade de ter matado a fome de alguns, pelo menos por um dia.
Depois da sobremesa de abraços e fotografias, pude ir ao meu próximo destino: Um hospital. Desses infantis. Cheio de crianças cancerígenas, cheio de pais chorando, cheio de dor e ainda assim, cheio de esperança e fé. Eu havia mandado para lá todas as minhas roupas de grifes, todos os meus sapatos caríssimos e aquela minha maquiagem da Victória’s Secret, que me ajudaria a pintar um sorriso no rosto de cada um – deixei por lá tudo que antes eu tinha pena de doar. Eu me fantasiei junto com todos aqueles enfermos, de tudo que eu sempre quis ser na vida: glamour e felicidade. Naquele momento, eu consegui ser os dois, simultaneamente. Eu tive as melhores cabeleireiras e estilistas. Eu tive os maiores sorrisos do mundo, felicidade transbordando. Eu fui tão sábia quanto todas aquelas crianças, pois, aprendi a pintar sorrisos por cima de lágrimas.
                Eu já estava pronta para festa que eu mesma daria no final do dia. Não quis paparazzi, nem fotógrafos de revistas na minha festa. Era apenas eu e todos aqueles que me cativaram de alguma forma: só os melhores amigos, os melhores pais do mundo, meus irmãos e alguns outros membros da família, e claro, o melhor namorado do mundo: o meu. Os poucos que me amavam pelo que eu era. Sem falsidade, sem interesses.
Era o meu aniversário, mas fui eu quem aproveitou a ocasião para entregar todas as cartas, fotos, slides e até presentes que eu havia comprado para cada um. Ninguém entendeu nada. Até que eu lhes contei do meu dia. Mostrei as fotos e os sorrisos sinceros de cada pessoa que eu, finalmente, fiz alguma coisa para ajudar.
Falei para eles que além das roupas e sapatos, também doei as minhas casas, minha fazenda e todos os meus bens materiais. Já estavam tudo destinado, em cartório, a abrigar crianças, idosos, enfermos... Eu só tinha agora o amor que eu cativei em cada um. E, eu não precisava de mais nada. Inclusive pedi que ficassem felizes por mim. Eu fui uma das poucas que conseguiu se sentir completa de tudo – pelo menos por um dia inteiro. Por fim, dediquei o meu amor aquele que seria o pai dos meus filhos, a quem eu sempre irei amar...
E se alguém ainda desejar me dar presente de aniversário: faça pelo menos uma vez por mês, metade do que eu fiz hoje. E ame o próximo como a si mesmo.

                                                                       "Naquele dia, ela entendeu o valor de fazer o bem. Percebeu que a verdadeira felicidade, o seu dinheiro jamais compraria. Ela sabia que iria morrer, por isso, teve tempo de realizar o dia mais feliz e mais completo de sua vida. Infelizmente, não sabemos quando será o nosso dia."

4 comentários:

wanessa g. disse...

Está ficando cada vez mais difícil amar o próximo.. Lindas palavras.

Thaís Alves disse...

Que texto bacana, Indy. Claro que é meio surreal sair por aí doando tudo que a gente tem, mas a gente tem muito mais do que precisa e pode muito bem dividir um pouco. E na parte não material, podemos doar tudo aquilo que temos de bom dentro da gente tbm! Um beijo

Anônimo disse...

A felicidade dessa menina é tão contagiante que a gente sente de longe =)

Beijo!

Lívia Inácio disse...

me animou! rsrs

adorei!

beijos