"Nunca é alto o preço a pagar pelo privilegio de pertencer a si mesmo." Nietzsche

O fim é o mesmo

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Parece que meu coração me preparava para o pior. Do nada eu me sentia triste, do nada eu me sentia feliz. Eu não tinha motivos - embora tivesse todos os motivos do mundo - nem para viver, nem para morrer, mas eu quis os dois ao mesmo tempo. Viver morrendo ou morrer vivendo. Não importava. Viver um dia após o outro. Viver o dia como se fosse o último. Viver o riso, viver a viagem, viver a conversa, viver o sexo, o tesão, o beijo, a saudade, o amor, a dor. Eu quis viver tudo de novo e de velho que houvesse para se viver. Eu desejei tanto viver e sentir, que agora que estou aqui sentindo, eu queria que tudo parasse. Vinte e cinco anos depois de ter nascido, eu ainda acho que nunca vou saber lidar com esse amontoado de sentimentos que vivem em mim como se fosse um espaço público. Eu sigo com medo. Por mais que eu repita para mim mesma incontáveis vezes que eu não o tenho, ele vive aqui. Como se eu escondesse dentro de mim um fugitivo que nunca vai embora, mesmo assim eu minto para todos que nunca o vi passar. Não sei porque fica. Não sei porque se abriga. Não entendo porque esse medo de fazer a escolha errada, como se eu tivesse uma. Como se a vida não nos arrastasse para onde ela bem entendesse. Como se fosse escolha nossa estar onde estamos, sentir o que sentimos, seguir como seguimos. A nós, só resta aceitar as coisas como são, pois, bater o pé e espernear, só vai nos fazer parecer uma criança mimada em alguma das lojas do grande shopping da vida... que não tem “querer” algum, mas mesmo assim queria. E assim, começa a entender que a vida nunca não se tratou de fazer o que quer, mas o que pode. E assim se aprende a seguir pelos caminhos que a vida escolheu para você, jurando de pé junto que está onde queria estar, que nunca esteve mais feliz, que as coisas são como são e foi melhor assim. Mesmo não sendo. Mesmo estando um grande inferno. Mesmo quando sua única vontade é gritar um enorme “vai se f@der” generalizado, mas por fora segue sorrindo educadamente, pois, já aprendeu que antes mesmo de pensar em abrir a boca, a sua vida mãe já lhe ameaçou colocar de castigo por ser mal agradecido e mal comportado. E de castigo é pior.  


Bédi beat. - DUDA BEAT