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Parece que meu coração me
preparava para o pior. Do nada eu me sentia triste, do nada eu me sentia feliz.
Eu não tinha motivos - embora tivesse todos os motivos do mundo - nem para
viver, nem para morrer, mas eu quis os dois ao mesmo tempo. Viver morrendo ou
morrer vivendo. Não importava. Viver um dia após o outro. Viver o dia como se
fosse o último. Viver o riso, viver a viagem, viver a conversa, viver o sexo, o
tesão, o beijo, a saudade, o amor, a dor. Eu quis viver tudo de novo e de velho
que houvesse para se viver. Eu desejei tanto viver e sentir, que agora que
estou aqui sentindo, eu queria que tudo parasse. Vinte e cinco anos depois de
ter nascido, eu ainda acho que nunca vou saber lidar com esse amontoado de
sentimentos que vivem em mim como se fosse um espaço público. Eu sigo com medo.
Por mais que eu repita para mim mesma incontáveis vezes que eu não o tenho, ele
vive aqui. Como se eu escondesse dentro de mim um fugitivo que nunca vai
embora, mesmo assim eu minto para todos que nunca o vi passar. Não sei porque
fica. Não sei porque se abriga. Não entendo porque esse medo de fazer a escolha
errada, como se eu tivesse uma. Como se a vida não nos arrastasse para onde ela
bem entendesse. Como se fosse escolha nossa estar onde estamos, sentir o que
sentimos, seguir como seguimos. A nós, só resta aceitar as coisas como são, pois,
bater o pé e espernear, só vai nos fazer parecer uma criança mimada em alguma
das lojas do grande shopping da vida... que não tem “querer” algum, mas mesmo
assim queria. E assim, começa a entender que a vida nunca não se tratou de
fazer o que quer, mas o que pode. E assim se aprende a seguir pelos caminhos
que a vida escolheu para você, jurando de pé junto que está onde queria estar,
que nunca esteve mais feliz, que as coisas são como são e foi melhor assim.
Mesmo não sendo. Mesmo estando um grande inferno. Mesmo quando sua única
vontade é gritar um enorme “vai se f@der”
generalizado, mas por fora segue sorrindo educadamente, pois, já aprendeu que antes
mesmo de pensar em abrir a boca, a sua vida mãe já lhe ameaçou colocar de castigo
por ser mal agradecido e mal comportado. E de castigo é pior.
Bédi beat. - DUDA BEAT
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