“Tenho a
impressão que todas as minhas noites são tristes...”
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Lendo a
citação de William Shakespeare, uma
lágrima rolou do seu rosto. Sentia saudade de um tempo que não volta mais. A
incerteza de suas decisões sentara mais uma vez ao seu lado em um domingo
chuvoso para assistir Faustão mesmo não suportando aquela voz que não se
cala. No computador Shakespeare continuava dizendo “não importa o quanto
você se importe...” e ela não conseguia parar de se lembrar. Há muito tempo
atrás ela havia feito lágrimas rolarem em outra face por motivos inaceitáveis e
jurou para si mesma que se fosse perdoada recompensaria aquele coração com
inúmeros sorrisos. E cumpriu por muito tempo o seu juramento. Leu outra parte
de William martirizando-se por inteira... “as pessoas simplesmente não se
importam”. As lágrimas agora rolam sem cessar. A saudade vem abraça-la e cada
detalhe do seu apartamento a faz se lembrar daquele coração que já foi dela.
Ela sente vontade de ligar. Ela sente, todo dia, vontade de saber como vai
aquele coração. Ela sente muita muita falta. Até arranhou algumas
notas no seu violão... Ela adormeceu ali mesmo, no seu sofá-cama, olhando para
um quadro de moldura rústica em cima de sua mesinha de estudos.
Em meio ao seu pranto ela repetia: as pessoas se importam
sim, se importam sim, se importam sim... Eu me importo muito...