E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza
Das coisas com humor..."
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É aí que a
crise vem: uma hora sorrindo, mas por dentro uma impaciência que pode vir a
tona a qualquer momento. O mal é que na maioria das vezes vem em cima de quem mais
se gosta. É uma irritação por besteira, ou talvez não seja besteira. Os nervos tão
a flor da pele que me fazem querer ir embora por qualquer contradição.
Eu não
queria que fosse assim, eu não queria está assim. Talvez seja porque pela
primeira vez na vida eu quis fazer diferente. Talvez, por achar que estou dando o meu máximo e fazendo o melhor
de mim, eu esteja cobrando tanto - logo eu que sempre detestei cobranças.
É aí que a
crise volta: quem é essa que habita meu corpo agora? Será uma parte de mim que
eu desconhecia ou será que é uma invenção de eu mesma feita por mim? Eis o
perigo: porque tantas dúvidas e tantos talvez?
Essa falta
daquela antiga eu que sabia o que queria a cada hora, daquela que não tinha
muitos dragões dentro de si e os poucos que tinha, tornava-os de vento. Essa falta,
falta não, saudade mesmo - no sentido literal e melancólico da palavra – que eu
sinto do meu eu de sempre, está corroendo ainda mais esse meu eu-desequilibrado-de-agora.
É como se
meus dois “eus”, o antigo e o atual, fossem duas pessoas distintas dentro de
mim: onde o eu antigo exibe suas lindas pernas para cima, em uma confortável cadeira
a beira de uma praia azul, descansando tranquilamente de mim; enquanto, o eu
atual se esforça para ser como o antigo, se roendo e me corroendo de inveja de
quem eu já fui.
Eu mesma -
e quando falo eu mesma, refiro-me a mim como um todo: os dois “eus” juntos e se
completando - não sei o que fazer. É certo que por mim, mandaria embora esse eu
atual. Tomar-me-ia assassina ou suicida de apenas metade...
Então, distancio-me
um pouco dessa confusão, dessa chuva, dessa noite. Procuro olhar novamente para
fora e quase não consigo abrir os olhos com tanto sol. Eu não sei mais como
caminhar no mundo real. Não sei mais como conversar com as pessoas. Não consigo
mais “levar na esportiva” piadinhas que me envolvem...
É tudo tão simultâneo
que enquanto o mundo gira lá fora e um eu relaxa, o outro não para de
esbravejar dentro de mim nem por um segundo, tornando assim, difícil para “mim”
poder escutar qualquer coisa com nitidez, ou mesmo pensar com sobriedade, quiçá
agir e julgar as ações com justiça e clareza como sempre fiz.
É uma luta
interna. É uma ânsia sem fim. São acontecimentos importantes chegando. São
provas decisivas. É um ano decisivo. É um medo de um novo ao qual não terei
nenhum controle. É o medo de perder tudo a todo o momento: lutas, conquistas,
pessoas, espaço.
É tudo medo
de cortar o lado ruim e descobrir que sem ele o bom não existe!
Como lidar?