Um mundo pra chamar de meu...
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Confesso
que já atravessei noites mais densas. Mas, naquelas noites eu contava com o silêncio
da madrugada e a companhia da Dona Lua olhando só pra mim. Era mais fácil
traduzir tudo que eu entendia de solidão em palavras... Não havia métrica, nem
gramática. Não havia leitores, nem professores, nem amores. É mais fácil chorar
quando não tem ninguém pedindo explicações. É mais fácil pensar que nem tudo
pode ser explicado do que passar noites pensando no que dizer do que não se
diz. E não se diz. E não se diz...
De tantos não dizeres, já nem sei mais por onde começar. Não
paro por aqui mesmo sem imaginar como pintar o fim. Nunca se sabe se vale a
pena começar de novo, pois nada garante a felicidade em um mundo onde é
proibido sofrer. “Fazer feliz ou ser feliz?” Eis minha questão de sempre e
talvez pra sempre. E deixo que falem de mim, que vivam por mim, que decidam por
mim. E finjo que não posso fazer nada só pra evitar que mais corações sejam
quebrados além do meu.
Não estar satisfeita com o que tem, tem solução? Ou o
coração sempre achará mais prazeroso possuir o que não deve? Como se o único motivo
de continuar viva fosse tornar lícito o proibido de novo e de novo e de novo...
Trata-se apenas de um ciclo vicioso ou será que algum dia poderá se tornar
verdadeiro? Confesso que já atravessei noites mais densas... Vou confessando
para eu mesma os meus segredos, apesar da vontade de confessar para o mundo. Um
mundo com nome e sobrenome, um mundo que eu desejo só pra mim e que apesar de não
ser possível, às vezes ele vinha me visitar...
(5 a seco - tatame)